Entre os ganhos proporcionados pelo desenvolvimento tecnológico está o avanço de diferentes áreas da medicina. Hoje, técnicas de imagem em alta resolução, cirurgias minimamente invasivas, inclusive com auxílio de robôs e a evolução de procedimentos laboratoriais, permitem detectar e tratar precocemente diferentes condições.
Na área ginecológica-obstétrica, por exemplo, além da solução de praticamente todos os problemas de infertilidade, houve uma grande redução nos casos de mortalidade materna e/ou fetal, pois os recursos disponíveis atualmente proporcionam uma gravidez com menos risco.
Em algumas situações, o tratamento pode até mesmo ser feito durante o desenvolvimento intrauterino. É importante, entretanto, manter as consultas de rotina e, se o objetivo for formar uma família, a atenção ao pré-natal é essencial.
Apesar de a maioria das mulheres saber sobre a importância do pré-natal quando há intenção de engravidar, uma consulta igualmente necessária, que ocorre antes mesmo das tentativas ainda é pouco conhecida, a consulta preconcepcional.
Continue a leitura até o final para saber o que é consulta preconcepcional, por que é importante e como é feita. Confira!
Consulta preconcepcional, como o nome sugere, é aquela realizada antes de iniciar as tentativas para engravidar; idealmente, pelo menos nos três meses anteriores. É necessária na preparação para uma gravidez, pois ajuda a evitar possíveis complicações que podem ocorrer durante o período gestacional, garantindo a saúde da mãe e do seu futuro bebê.
A consulta preconcepcional possibilita avaliar riscos, permite intervenções e otimização médica antes da gravidez para reduzir a possibilidade de resultados obstétricos maternos e fetais desfavoráveis. Ou seja, tem um efeito positivo nas chances de sucesso.
Segundo estudos, eventos que ocorrem antes de a mulher saber que está grávida podem ter um impacto significativo no crescimento fetal e no resultado da gravidez.
Embora os casos de mortalidade materno-fetal tenham reduzido significativamente no mundo todo, as taxas ainda são consideradas altas. As malformações congênitas e a prematuridade, por exemplo, são responsáveis pela maioria das mortes fetais e nem sempre as intervenções durante os cuidados pré-natais conseguem mitigar os resultados.
A consulta preconcepcional, por sua vez, oferece a oportunidade de discutir fatores de risco para minimizá-los antes da gravidez, utilizando, para isso, diferentes abordagens baseadas em evidências científicas.
Ainda que todas as mulheres que pretendem engravidar devam realizar a consulta preconcepcional, ela é particularmente necessária às já diagnosticadas com algumas condições, como obesidade, hipertensão, diabetes e outras crónicas, bem como às que tiveram problemas em gestações anteriores ou planejam ter o primeiro filho.
Durante a consulta preconcepcional são abordados aspectos como histórico reprodutivo, histórico clínico pessoal, familiar e do parceiro, uso de medicamentos, riscos sociais que podem afetar a fertilidade ou a obtenção da gravidez, saúde emocional ou mesmo estilo de vida.
No histórico reprodutivo são avaliadas qualquer gravidez anterior, de alto risco ou não, possíveis abortamentos espontâneos, doenças que afetam os órgãos reprodutores, histórico pregresso ou atual de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), que podem provocar infertilidade e resultados de exames de Papanicolau anteriores.
Já no clínico pessoal são pesquisadas doenças atuais ou pregressas, principalmente as que representam risco para gravidez e, no familiar, os distúrbios genéticos que podem ser transmitidos aos filhos. Doenças que podem afetar os órgãos reprodutores do parceiro são igualmente avaliadas, assim como a incidência de ISTs.
O uso de medicamente e/ou suplementos também deve ser relatado ao médico na ocasião, que vai avaliar ainda situações de risco social ou profissional, como a exposição a elementos químicos e estilo de vida, incluindo hábitos como tabagismo, alcoolismo, uso excessivo de drogas recreativas, sedentarismo e alimentação.
Na consulta preconcepcional a mulher também recebe orientações importantes, entre elas a dieta mais adequada, vitaminas pré-natal, controle do ciclo menstrual, ovulação e período fértil, frequência para realizar os testes de gravidez e exercícios que podem ajudar a preparar para o período gestacional e pós-parto, da mesma forma que o especialista solicita ao casal os exames necessários para confirmar a saúde reprodutiva.
Os primeiros solicitados geralmente são os que determinam a fertilidade; avaliação da reserva ovariana às mulheres, que indica a quantidade de folículos presentes no momento, estruturas que contêm o óvulo imaturo, dos pequenos aos que podem desenvolver e ovular chamados pré-antrais e antrais. Enquanto aos homens é solicitado o espermograma, que indica a qualidade do sêmen e dos espermatozoides abrigados nas amostras.
Posteriormente, são solicitados exames laboratoriais e de imagem, incluindo os de sangue e urina, que detectam a presença de bactérias sexualmente transmissíveis, ultrassonografia transvaginal e da bolsa testicular ou outros complementares caso seja necessário.
A avaliação dos níveis dos hormônios envolvidos no processo reprodutivo também é solicitada, bem como tipagem sanguínea, imunidade à rubéola, sarampo, varicela, hepatite B e toxoplasmose.
Os resultados orientam a abordagem terapêutica mais adequada em cada caso, se houver necessidade de tratar alguma condição e permitem um planejamento do pré-natal adequado para a paciente, com os cuidados necessários para assegurar uma gravidez saudável para ela e seu futuro bebê.
A consulta preconcepcional, portanto, proporciona o equilíbrio da saúde desde o início da gravidez, aumentando bastante as chances de não ocorrerem complicações durante o período gestacional e no puerpério, período logo após o parto.
Diferentes estudos demostram que os cuidados preconcepção contribuem para aumentar as chances de engravidar, reduzem riscos de abortamento espontâneo, defeitos congênitos (de nascimento) no bebê e de efeitos adversos na gravidez, como a pré-eclâmpsia, que pode evoluir para eclâmpsia, condição potencialmente perigosa para a mulher.
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