A experiência do nascimento de um filho e os dias que sucedem esse momento são de grande significância para a mulher, além de serem marcados por transformações físicas, emocionais e sociais. Nesse contexto, o cuidar se faz necessário, de modo que a presença de profissionais respeitosos, dedicados e eficientes é essencial na assistência ao parto e puerpério.
As abordagens e discussões médicas atuais apontam para a importância de acolher e cuidar da paciente em todas as etapas do parto com uma conduta menos intervencionista. Dessa forma, a assistência é centrada na necessidade e nos direitos da mulher, que é protagonista daquele momento.
Ao tratar a parturiente de forma respeitosa, permitimos que ela tenha mais participação ativa no processo de parturição e consiga ter uma experiência positiva no parto e no puerpério. Para isso, além do ginecologista obstetra que já vem acompanhando a gestante há meses, há toda uma equipe médica preparada para oferecer a devida assistência à mãe e ao seu bebê.
A preparação da gestante para o momento do parto acontece durante toda a gestação, nas consultas pré-natais. Além das orientações médicas e da avaliação contínua da saúde materna e fetal, o obstetra pode esclarecer dúvidas sobre os tipos de parto, os sinais de trabalho de parto, possíveis complicações, entre outras questões.
Ao longo do pré-natal — ainda antes disso, a partir da consulta preconcepcional, quando a gravidez é planejada —, a mulher realiza vários exames que permitem detectar doenças que impõem risco gestacional. Nesses casos, as possibilidades de intercorrências na gravidez e no parto são maiores, demandando um olhar mais atento do especialista que acompanha a gestante.
Conforme o parto se aproxima, as consultas pré-natais são feitas com um intervalo mais curto (quinzenais, depois semanais). Dessa forma, o médico pode monitorar com mais frequência os sinais vitais e a posição do feto, a altura do útero, o volume do líquido amniótico, além das condições maternas, como a pressão arterial.
Assim, toda a assistência do ginecologista obstetra ao longo do acompanhamento pré-natal é determinante para que a gestante se sinta preparada para o parto e passe por essa experiência sem traumas.
Há diferentes tipos de parto. Entretanto, vamos nos ater aqui ao nascimento em ambiente hospitalar, o qual é caracterizado pela atuação profissional de equipe médica treinada e adoção de tecnologias e procedimentos que tornam o parto mais seguro, inclusive com recursos para intervir em situações de emergência.
O parto normal é o mais encorajado durante a gravidez, sobretudo quando não há riscos gestacionais. Quando a gestação é de alto risco, cada caso é avaliado e reclassificado ao longo das consultas pré-natais, visando à escolha mais segura para a mãe e o bebê.
Entende-se como parto normal aquele em que o bebê é expelido do corpo materno por via vaginal. Mesmo nos nascimentos espontâneos, podem ocorrer intervenções baseadas em evidências, conforme necessário, para favorecer o progresso do trabalho de parto. São exemplos disso a estimulação das contrações com ocitocina e o alívio farmacológico da dor.
Para oferecer uma assistência ao parto e puerpério menos intervencionista e mais voltada às necessidades da parturiente, levam-se em conta as recomendações da OMS – Organização Mundial da Saúde sobre os cuidados intraparto para uma experiência positiva.
A cesariana também é uma possibilidade avaliada durante o pré-natal, principalmente quando a gestante apresenta condições de risco, como diabetes gestacional e hipertensão ou pré-eclâmpsia. Entretanto, vale esclarecer que gestação de alto risco nem sempre precisa de parto cesárea — cada caso é um caso e, por isso mesmo, a escolha é individualizada, considerando a opinião médica e a vontade da parturiente.
Segundo a resolução 2.284 do Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Lei nº 17.137 do Estado de São Paulo, a cesariana eletiva também está liberada, caso seja da vontade da gestante, desde que seja feita a partir do 273º dia de gravidez, ou seja, a partir de 39 semanas de idade gestacional.
Independentemente do tipo de parto, a postura dos profissionais de saúde é determinante na assistência à gestante. Condutas invasivas e desrespeitosas podem ter impactos físicos e psíquicos, sobretudo porque se trata de uma ocasião já carregada de dores físicas, ansiedade e fragilidade emocional.
O puerpério imediato se dá em ambiente hospitalar, onde existem todos os recursos necessários para dar assistência à mulher e ao recém-nascido. Assim, os procedimentos iniciais são feitos para monitorar a saúde de ambos, envolvendo a participação de vários profissionais.
Pós-parto ou puerpério é o período no qual o organismo feminino recupera, gradualmente, a anatomia e a função dos órgãos até o pleno restabelecimento do corpo não gravídico. Esse período começa com a saída da placenta e dura cerca de 6 semanas.
Ainda no hospital, o recém-nascido é avaliado por um pediatra, realiza os primeiros exames e recebe as primeiras imunizações. A parturiente também é acompanhada pela equipe médica e auxiliada nos cuidados com o neonato, inclusive para iniciar a amamentação.
O aleitamento materno exclusivo é altamente recomendado pelo fato de ser um alimento completo para as necessidades do bebê, com elevado teor nutritivo, além de ajudar na prevenção de determinadas doenças.
No puerpério, ocorrem várias modificações no corpo da mulher, nos sistemas reprodutor, cardiovascular, endócrino, urinário, hematopoiético, entre outros. Além das mudanças físicas, o cansaço e as transformações na rotina podem deixar a mulher emocionalmente debilitada. O suporte familiar e o acompanhamento profissional são essenciais nessa fase.
Dessa forma, a consulta de retorno ao ginecologista obstetra ainda faz parte da assistência ao parto e puerpério. Nessa ocasião, a paciente é novamente avaliada quanto às suas condições de saúde e pode ser orientada sobre nutrição no pós-parto, amamentação, contracepção e cuidados com o recém-nascido.