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Contracepção no pós-parto

por Equipe: NOG

No puerpério, as mulheres passam por intensas mudanças físicas e emocionais e assumem um novo papel no contexto familiar e social. Diante da carga da nova rotina, a maioria das puérperas não planeja engravidar — pelo menos, não nos próximos meses. Por isso, é importante falarmos sobre as formas de contracepção no pós-parto.

O retorno da ovulação e da fertilidade após o nascimento do bebê é variável e tem relação estreita com a amamentação. Mulheres que aderem ao aleitamento exclusivo demoram mais a ter ciclos ovulatórios e menstruais, de forma que não é possível engravidar sem ovulação. Entretanto, mesmo nesses casos, a conduta mais segura é iniciar o uso de anticonceptivos, conforme orientação médica.

Na consulta de retorno com o ginecologista ou mesmo durante o pré-natal, o médico e a paciente podem conversar sobre os métodos liberados para contracepção no pós-parto. Embora o médico esteja à disposição para explicar sobre as vantagens e a eficácia de cada opção, cabe a mulher decidir.

Nesse momento de orientação, também é importante o incentivo à manutenção do aleitamento materno exclusivo, pelo período mínimo de 6 meses. Sendo assim, são apresentadas opções seguras e adequadas para evitar uma nova gravidez sem afetar a nutrição do bebê que acabou de nascer.

 

 

Métodos de contracepção no pós-parto

O pós-parto é marcado por vários eventos fisiológicos. Os sistemas reprodutor e endócrino são os que mais passam por mudanças. Um importante exemplo disso é o bloqueio da ovulação, que ocorre em razão das alterações hormonais.

Enquanto a amamentação exclusiva é mantida, não ocorre a secreção dos hormônios que estimulam o processo ovulatório. Esse fenômeno, por si só, é considerado um contraceptivo natural, chama-se método de lactação e amenorreia (LAM). A ausência de menstruação (amenorreia) é um sinal de que a ovulação não está acontecendo no período do aleitamento.

Entretanto, para aumentar a segurança anticonceptiva, é importante utilizar outros métodos. Os mais indicados são os temporários ou reversíveis, ou seja, aqueles que permitem uma nova gravidez assim que seu uso for interrompido. Já os métodos definitivos ou irreversíveis são realizados somente mediante alguns critérios previstos na lei de planejamento familiar.

Aqui está uma lista com as possibilidades de contracepção no pós-parto:

Pílula de progesterona

Pílulas à base de progesterona, chamadas também de minipílulas, podem ser uma opção durante a fase de amamentação, pois a ação progestagênica não interfere na produção de leite materno e não oferece riscos à saúde do bebê, mas é necessária prescrição médica.

Os contraceptivos orais combinados (progesterona + estrogênio) são contraindicados durante o aleitamento, pois os estrógenos são inibidores de prolactina, que é um hormônio fundamental para o processo de lactação. Além disso, a presença de estrogênio no pós-parto aumenta o risco de trombose venosa profunda (TVP).

Outros métodos hormonais

Desde que a composição leve progestagênio isolado, outros métodos hormonais podem ser utilizados para contracepção no pós-parto. As opções incluem, além da pílula, a injeção trimestral e o implante subdérmico.

Enquanto a pílula precisa ser ingerida todos os dias no mesmo horário, visto que seu esquecimento acarreta falhas na eficácia contraceptiva, esses dois outros métodos oferecem mais praticidade por não precisarem de lembrança diária. As injeções são aplicadas a cada três meses, enquanto o implante subdérmico (um bastonete que é implantado sob a pele do braço) pode ser mantido por cerca de 3 anos.

Todos esses métodos hormonais à base de progesterona isolada são seguros durante a amamentação, uma vez que não alteram o volume de leite produzido, não diminuem o teor de proteínas e lipídeos do leite materno e, por consequência, não afetam o crescimento do bebê. No entanto, trata-se de uma fase com muitas particularidades, portanto é fundamental consultar um médico antes de fazer uso de qualquer tipo de medicamento.

Dispositivo intrauterino (DIU)

O DIU é um método bastante conveniente e seguro como forma de contracepção no pós-parto, podendo, ainda, ser mantido por vários anos sem perder sua eficácia. Tanto o dispositivo de cobre quanto o de levonorgestrel (Mirena) não interferem no aleitamento materno nem no desenvolvimento da criança.

A colocação do DIU pode ser realizada por via vaginal, logo após a saída da placenta ou dentro das 48 horas que sucedem o parto. Mulheres que passam por cesárea, também podem colocar o dispositivo por via abdominal antes da sutura uterina.

O procedimento de inserção imediata do DIU após o parto não aumenta o risco de complicações, como perfurações, sangramento e infecções. No entanto, parece haver uma discreta elevação no número de expulsões, principalmente quando o dispositivo é colocado via vaginal.

Caso não seja inserido nas primeiras 48 horas do pós-parto, recomenda-se que a implantação do DIU seja feita somente após 40 dias, tempo necessário para a recuperação do aparelho genital.

Métodos de barreira

Os métodos de barreira são úteis para evitar a gravidez, atuando de forma mecânica ou física, isto é, eles bloqueiam a passagem dos espermatozoides para o trato reprodutivo superior feminino. Nessa classe de contraceptivos estão os preservativos sexuais masculino e feminino, o diafragma e os espermicidas.

Uma desvantagem dessa forma de contracepção no pós-parto é que o epitélio vaginal da puérpera fica atrófico (sem lubrificação) devido à redução de estrogênio, o que pode aumentar o atrito durante o ato sexual, tornando o contato íntimo desconfortável para a mulher. O uso de lubrificantes pode ajudar.

Esterilização cirúrgica

A laqueadura ou ligadura tubária e a vasectomia são as cirurgias eletivas para contracepção definitiva. Como são métodos irreversíveis, a escolha precisa ser muito bem orientada e discutida, estando a mulher (e o casal) conscientes da interrupção das chances de uma gravidez futura.

É importante que a decisão pela esterilização cirúrgica seja feita ainda durante a gestação, não no momento do parto. Além disso, de acordo com a nova lei que trata do planejamento familiar, a cirurgia é permitida somente para maiores de 21 anos ou, pelo menos, com 2 filhos vivos.

Entre a manifestação da vontade e o procedimento cirúrgico devem transcorrer, no mínimo, 60 dias, período em que fica indicado o aconselhamento multidisciplinar a fim de conscientizar a pessoa sobre as consequências da esterilização precoce.

Seja qual for a escolha de contracepção no pós-parto, é fundamental que seja feita com direcionamento médico. A falta de orientação profissional condiciona as mulheres à automedicação ou ao uso de métodos naturais que não são plenamente confiáveis, como o coito interrompido e o cálculo do período fértil (tabelinha) — cálculo esse que se torna inviável enquanto a menstruação ainda não ocorre regularmente.