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Ginecologia na infância e adolescência

por Equipe: NOG

Crianças e adolescentes têm, por lei, o direito de proteção à vida e à saúde. Sendo assim, é dever dos pais e responsáveis levar seus filhos ao médico, tanto em situação de doença quanto para visitas de rotina. Nesse momento, o primeiro especialista que vem à mente é o pediatra. Contudo, também existe um papel importante do profissional de ginecologia na infância e adolescência.

O acompanhamento clínico regular é essencial, em qualquer idade, para manter a saúde em dia, prevenir e controlar doenças. Pacientes mulheres também podem iniciar as visitas ao ginecologista bem cedo. Tendo isso em vista, muitas pessoas se perguntam: a primeira consulta ginecológica, quando deve acontecer?

Podemos adiantar que essa primeira visita ao consultório de ginecologia tem relação direta com o funcionamento do corpo da menina, incluindo aspectos como: mudanças físicas, menarca, cólicas e outros sintomas ginecológicos, além do início da vida sexual para algumas.

Este texto aborda o tema de forma detalhada para esclarecer as dúvidas de mães, pais, demais responsáveis e, claro, das próprias adolescentes que já se preocupam com sua saúde íntima.

Ginecologia na infância e adolescência: a primeira consulta, quando deve acontecer?

Não existe uma idade exata que torne obrigatória a primeira visita ao ginecologista, mas essa consulta já é importante em torno dos 10 anos, fase em que a menina está prestes a começar a menstruar ou já iniciou seus ciclos de menstruação.

A menarca (primeiro sangramento menstrual), normalmente, ocorre entre os 11 e 14 anos. Algumas meninas apresentam puberdade precoce (antes dos 10 anos), enquanto outras podem ter menarca tardia (após os 15). Em todas essas situações, é importante buscar o acompanhamento médico para averiguar as condições da saúde ginecológica.

Não raro, a mãe aguarda a indicação do médico pediatra para procurar um especialista em ginecologia na infância e adolescência, mas não é preciso esperar por isso. O ginecologista pode ser procurado assim que a menina menstruar ou mesmo antes, quando as mudanças no corpo começarem a acontecer, sugerindo a chegada à puberdade.

Essa visita de rotina na infância e adolescência não acontece com a frequência esperada. Em grande parte das vezes, o agendamento da consulta é motivado por irregularidades menstruais e sintomas de alterações ginecológicas, como corrimento e vulvovaginites.

Além disso, um dos principais motivos da ida ao ginecologista na adolescência é a preocupação com o início das relações sexuais e a contracepção. O interesse na orientação médica pode partir tanto da mãe quanto da própria adolescente.

O profissional que é experiente no atendimento dessas pacientes está habituado a uma abordagem mais empática, a fim de estabelecer uma relação de confiança. Isso contribui para que a menina se sinta menos constrangida e consiga trazer informações claras sobre sua saúde íntima e o exercício da sexualidade.

Questões relacionadas à sexualidade são abordadas cuidadosamente, principalmente porque, na maior parte dos casos, a paciente está acompanhada da mãe ou outro responsável, com quem não fala sobre sua vida sexual. Entretanto, esse é um assunto importante para que sejam passadas orientações sobre o uso de contracepção e prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

 

 

Principais tópicos da consulta ginecológica na infância e adolescência

Os objetivos e as orientações da consulta ginecológica dependem da idade de cada paciente. Por exemplo, no caso das mais novas, os temas abordados pelo médico são mais relacionados à chegada da menstruação e às transformações no corpo. Já com as adolescentes, conforme as informações obtidas na anamnese, os esclarecimentos podem ter relação com métodos contraceptivos, prevenção de doenças e sintomas de distúrbios ginecológicos.

De modo geral, temos os seguintes tópicos que podem ser conversados na consulta:

Menstruação

Em caso de meninas que já menstruam, o ginecologista pode perguntar sobre a idade da menarca e o padrão menstrual, incluindo regularidade e intervalo dos ciclos, volume e duração do fluxo e presença de cólicas.

Já as pacientes que estão apresentando as mudanças físicas iniciais, mas ainda não passaram pela menarca, podem ser orientadas sobre como e por que a menstruação acontece, como agir diante do primeiro sangramento, entre outras informações pertinentes.

Mudanças no corpo

Na primeira consulta ginecológica de meninas na pré-puberdade também é importante conversar sobre as transformações físicas que estão ocorrendo ou que ainda vão acontecer, como: aumento das mamas, crescimento de pelos pubianos, ganho de peso, formação de curvas corporais, surgimento de acne etc.

A orientação sobre estilo de vida — nutrição adequada, prática regular de atividade física e rotina de sono, por exemplo — e manutenção do índice de massa corporal (IMC) saudável também cabe nesse momento.

Situação vacinal

A situação vacinal é outro tópico relevante na consulta ginecológica na infância e adolescência. É uma ocasião oportuna para verificar se o cartão está atualizado e quais são as próximas vacinas a serem tomadas. Uma das imunizações importantes nessa faixa etária é contra o Papilomavírus humano (HPV) — infecção que pode levar ao câncer de colo do útero.

Contracepção

Um dos principais motivos que levam as pacientes adolescentes ao consultório de ginecologia é o início da vida sexual e a consequente preocupação com a prevenção da gravidez. Nem sempre a menina consegue falar sobre isso na frente dos pais, portanto, o médico precisa encontrar o momento apropriado para abordar o assunto.

É necessário trabalhar a conscientização sobre os impactos biopsicossociais de uma gestação na adolescência. As formas mais populares de contracepção entre as adolescentes ainda são o coito interrompido, o uso de preservativos e a utilização de pílulas, muitas vezes sem prescrição médica. Então, com orientação médica, a menina pode conhecer outras opções.

Conscientização sobre ISTs

Tão importante como conversar com a paciente adolescente sobre os impactos de uma gravidez é conscientizá-la sobre os riscos e as complicações das ISTs. Por mais que se saiba que essas infecções são transmitidas por meio do sexo sem preservativos, ainda há muitos casos na adolescência, o que ocorre devido ao comportamento sexual inseguro.

Investigação de alterações ginecológicas

Um dos pontos mais importantes dessas consultas é a detecção precoce de alterações associadas a distúrbios menstruais e outras doenças ginecológicas, como a endometriose, que pode começar a se manifestar bem cedo, mas seu diagnóstico leva até anos para ser fechado.

Por todas as questões que apresentamos neste texto, vemos que, assim como o acompanhamento pediátrico e clínico geral, a ginecologia na infância e adolescência é essencial para completar os cuidados com a saúde das meninas, esclarecer dúvidas e ajudar na prevenção e na detecção precoce de doenças.