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Gestação de alto risco

por Equipe: NOG

A gestação é um fenômeno fisiológico e, por isso mesmo, o corpo feminino é naturalmente preparado para as transformações que ocorrem durante a gravidez, o parto e o puerpério. Sendo assim, o desenvolvimento gestacional acontece, normalmente, sem intercorrências. No entanto, uma fração das gestantes apresenta maior suscetibilidade para a evolução desfavorável, configurando a gestação de alto risco.

A mulher pode fazer parte desse grupo porque:

  • é portadora de alguma doença que tende a se agravar com a fisiologia gestacional;
  • tem características pessoais ou relacionadas ao estilo de vida que aumentam a predisposição para complicações obstétricas;
  • é exposta a condições desfavoráveis durante a gestação, as quais elevam o risco de desenvolver algum problema.

Sabe-se que grande parte das intercorrências obstétricas e dos casos que envolvem morbimortalidade materna ou fetal, bem como complicações no parto e puerpério, podem ser prevenidas. Para isso, é necessário passar por um cuidadoso acompanhamento médico durante toda a gravidez, que envolve também a participação da gestante e das pessoas que com ela convivem.

No acompanhamento da paciente com gestação de alto risco, o ginecologista obstetra é figura central. O conhecimento técnico e científico e a experiência do profissional respaldam a conduta médica de prevenção, detecção e controle precoces de quaisquer condições que possam impor riscos maternos e fetais, contribuindo para o desenvolvimento mais saudável e seguro da gravidez.

 

 

Fatores de risco anteriores à gestação

A gestação de alto risco, com frequência, está associada a condições e fatores que a mulher já apresentava antes da gravidez. Vamos separá-los em 3 tipos: doenças preexistentes; histórico de complicações obstétricas; características físicas e hábitos de vida.

Doenças preexistentes

Há um longa lista de patologias crônicas que podem se agravar durante a gravidez, portanto, requerem um controle mais rigoroso, até demandando acompanhamento em diferentes especialidades médicas, em alguns casos — isso depende da avaliação do ginecologista obstetra.

Entre as doenças que caracterizam a gestação como de alto risco, estão:

  • hipertensão arterial;
  • cardiopatias;
  • diabetes;
  • doenças da tireoide;
  • epilepsia;
  • trombofilias (predisposição a trombose e embolia pulmonar);
  • infecções graves, como sífilis, rubéola, hepatites, HIV, entre outras;
  • pneumopatias;
  • nefropatias;
  • distúrbios autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico;
  • patologias ginecológicas, incluindo miomas volumosos e endometriose;
  • anormalidades estruturais nos órgãos reprodutores, como as malformações uterinas;
  • câncer.

Histórico de problemas reprodutivos

Mulheres que já passaram por complicações em uma gravidez anterior também podem ser classificadas no grupo de gestação de alto risco. Nesse caso, podemos listar:

  • pré-eclâmpsia e eclâmpsia;
  • diabetes gestacional;
  • descolamento da placenta;
  • parto prematuro;
  • abortamento de repetição;
  • óbito fetal ou bebê natimorto;
  • recém-nascido com malformação;
  • recém-nascido com crescimento restrito ou peso elevado.

Características individuais e estilo de vida

Características físicas da mulher, como sobrepeso e estatura muito baixa, assim como hábitos de vida, a exemplo do tabagismo, podem desfavorecer a evolução saudável da gravidez.

Em resumo, os fatores de risco dessa natureza incluem:

  • idade abaixo de 15 ou acima de 35 anos;
  • obesidade ou peso excessivamente baixo;
  • altura abaixo de 1,45m;
  • tabagismo e consumo excessivo de bebida alcoólica;
  • uso de determinados medicamentos e drogas ilícitas.

Ainda em relação ao estilo de vida, podemos falar sobre os fatores ambientais que podem interferir nos cuidados com a gestação. Por exemplo, os riscos ocupacionais, como esforço físico acentuado, carga horária prolongada, estresse e exposição a substâncias nocivas no trabalho.

Outro ponto importante é o contexto psicossocial. Nesse sentido, a gestação também pode ser prejudicada por ambiente familiar conflituoso, falta de participação paterna, violência doméstica e baixa condição socioeconômica, que pode repercutir até nos aspectos nutricionais.

Fatores de risco que surgem durante a gestação

Aqui, estão as condições que podem surgir durante a gravidez, sem história prévia ou presença de fatores que aumentam a predisposição para complicações. Isso significa que, em alguns casos, a gestação está transcorrendo bem, mas alguma alteração clínica ou obstétrica pode torná-la de alto risco.

Nessa lista, pode-se destacar:

  • pré-eclâmpsia;
  • diabetes gestacional;
  • número de fetos — gestações múltiplas têm mais risco de intercorrências;
  • redução do líquido amniótico;
  • restrição do crescimento intrauterino;
  • exposição a elementos teratogênicos;
  • rotura prematura das membranas;
  • insuficiência istmocervical;
  • doenças infectocontagiosas contraídas durante a gravidez, como rubéola, toxoplasmose, infecções do trato urinário ou do trato respiratório, entre outras.
  • trabalho de parto pré-termo ou gestação prolongada — antes de 37 ou depois de 42 semanas.

Acompanhamento pré-natal na gestação de alto risco

Gestantes que apresentam algum fator de risco precisam de um acompanhamento criterioso. No pré-natal de baixo risco, é importante que aconteçam pelo menos 6 consultas ao longo da gravidez. Na gestação de alto risco, esse número pode ser maior, caso o obstetra julgue necessário, além das possíveis consultas aos médicos de outras especialidades, conforme as doenças detectadas.

É importante reforçar que pode existir a necessidade de reclassificar o risco gestacional em cada consulta pré-natal, bem como durante o trabalho de parto. Isso porque a gestação pode se tornar de alto risco conforme avança, mesmo que não existam fatores predisponentes, doenças preexistentes nem histórico reprodutivo desfavorável.

Sendo assim, o ginecologista obstetra e a equipe de saúde que atende a gestante devem estar sempre preparados para ações rápidas diante de possíveis intercorrências. Da mesma forma, a gestante precisa ser conscientizada sobre os sinais de risco que demandam a procura imediata de atendimento médico. As orientações de cuidado e atenção se estendem ao companheiro e aos familiares.

O fato de não realizar o pré-natal já é um fator de risco. Então, é fundamental que a mulher procure o médico o mais rápido possível, após confirmar que está grávida, para ter o devido acompanhamento do começo ao fim da gravidez — as consultas podem começar ainda antes, na fase preconcepcional.

Assim, com a avaliação obstétrica contínua, é possível detectar doenças e fatores adversos precocemente e assumir a conduta mais apropriada, promovendo a saúde materna e fetal e permitindo que a gestação de alto risco tenha um desfecho favorável.