A gestação é um fenômeno fisiológico e, por isso mesmo, o corpo feminino é naturalmente preparado para as transformações que ocorrem durante a gravidez, o parto e o puerpério. Sendo assim, o desenvolvimento gestacional acontece, normalmente, sem intercorrências. No entanto, uma fração das gestantes apresenta maior suscetibilidade para a evolução desfavorável, configurando a gestação de alto risco.
A mulher pode fazer parte desse grupo porque:
Sabe-se que grande parte das intercorrências obstétricas e dos casos que envolvem morbimortalidade materna ou fetal, bem como complicações no parto e puerpério, podem ser prevenidas. Para isso, é necessário passar por um cuidadoso acompanhamento médico durante toda a gravidez, que envolve também a participação da gestante e das pessoas que com ela convivem.
No acompanhamento da paciente com gestação de alto risco, o ginecologista obstetra é figura central. O conhecimento técnico e científico e a experiência do profissional respaldam a conduta médica de prevenção, detecção e controle precoces de quaisquer condições que possam impor riscos maternos e fetais, contribuindo para o desenvolvimento mais saudável e seguro da gravidez.
A gestação de alto risco, com frequência, está associada a condições e fatores que a mulher já apresentava antes da gravidez. Vamos separá-los em 3 tipos: doenças preexistentes; histórico de complicações obstétricas; características físicas e hábitos de vida.
Há um longa lista de patologias crônicas que podem se agravar durante a gravidez, portanto, requerem um controle mais rigoroso, até demandando acompanhamento em diferentes especialidades médicas, em alguns casos — isso depende da avaliação do ginecologista obstetra.
Entre as doenças que caracterizam a gestação como de alto risco, estão:
Mulheres que já passaram por complicações em uma gravidez anterior também podem ser classificadas no grupo de gestação de alto risco. Nesse caso, podemos listar:
Características físicas da mulher, como sobrepeso e estatura muito baixa, assim como hábitos de vida, a exemplo do tabagismo, podem desfavorecer a evolução saudável da gravidez.
Em resumo, os fatores de risco dessa natureza incluem:
Ainda em relação ao estilo de vida, podemos falar sobre os fatores ambientais que podem interferir nos cuidados com a gestação. Por exemplo, os riscos ocupacionais, como esforço físico acentuado, carga horária prolongada, estresse e exposição a substâncias nocivas no trabalho.
Outro ponto importante é o contexto psicossocial. Nesse sentido, a gestação também pode ser prejudicada por ambiente familiar conflituoso, falta de participação paterna, violência doméstica e baixa condição socioeconômica, que pode repercutir até nos aspectos nutricionais.
Aqui, estão as condições que podem surgir durante a gravidez, sem história prévia ou presença de fatores que aumentam a predisposição para complicações. Isso significa que, em alguns casos, a gestação está transcorrendo bem, mas alguma alteração clínica ou obstétrica pode torná-la de alto risco.
Nessa lista, pode-se destacar:
Gestantes que apresentam algum fator de risco precisam de um acompanhamento criterioso. No pré-natal de baixo risco, é importante que aconteçam pelo menos 6 consultas ao longo da gravidez. Na gestação de alto risco, esse número pode ser maior, caso o obstetra julgue necessário, além das possíveis consultas aos médicos de outras especialidades, conforme as doenças detectadas.
É importante reforçar que pode existir a necessidade de reclassificar o risco gestacional em cada consulta pré-natal, bem como durante o trabalho de parto. Isso porque a gestação pode se tornar de alto risco conforme avança, mesmo que não existam fatores predisponentes, doenças preexistentes nem histórico reprodutivo desfavorável.
Sendo assim, o ginecologista obstetra e a equipe de saúde que atende a gestante devem estar sempre preparados para ações rápidas diante de possíveis intercorrências. Da mesma forma, a gestante precisa ser conscientizada sobre os sinais de risco que demandam a procura imediata de atendimento médico. As orientações de cuidado e atenção se estendem ao companheiro e aos familiares.
O fato de não realizar o pré-natal já é um fator de risco. Então, é fundamental que a mulher procure o médico o mais rápido possível, após confirmar que está grávida, para ter o devido acompanhamento do começo ao fim da gravidez — as consultas podem começar ainda antes, na fase preconcepcional.
Assim, com a avaliação obstétrica contínua, é possível detectar doenças e fatores adversos precocemente e assumir a conduta mais apropriada, promovendo a saúde materna e fetal e permitindo que a gestação de alto risco tenha um desfecho favorável.