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A gestação é, sem dúvida, uma das fases mais transformadoras da vida de uma mulher. Desde o momento da fecundação, o corpo passa por uma verdadeira revolução fisiológica para que o bebê se desenvolva de forma saudável, por isso o pré-natal é fundamental.
Alterações hormonais, cardiovasculares, respiratórias e até emocionais fazem parte desse processo — e por trás de muitas dessas mudanças está uma estrutura tão poderosa quanto pouco compreendida: a placenta.
Você já parou para pensar em como o bebê se alimenta dentro do útero? Ou como ele recebe oxigênio e elimina resíduos, antes de respirar ou se alimentar por conta própria? A resposta para essas perguntas é justamente a placenta.
Neste texto, vamos explicar o que é essa estrutura essencial, como ela se forma, suas funções durante a gestação e quais os problemas mais comuns que podem afetá-la. Vamos juntos?
Logo após a fecundação — quando o espermatozoide encontra o óvulo —, tem início uma série de divisões celulares rápidas que dão origem ao embrião. Poucos dias depois, ele chega ao útero e se implanta na parede uterina. A partir desse momento, começa a formação de uma estrutura temporária, mas absolutamente vital: a placenta.
É importante saber que a placenta não está presente desde o início da gestação. Ela começa a se formar logo após a nidação (implantação do embrião) e seu desenvolvimento ocorre principalmente durante o primeiro trimestre.
No início, quem assume a nutrição do embrião é o saco vitelino, uma estrutura embrionária transitória. Mas, a partir da 8ª semana, a placenta já começa a assumir progressivamente esse papel, tornando-se totalmente funcional por volta da 12ª semana de gestação.

A placenta é um órgão temporário que se desenvolve exclusivamente durante a gestação. Ela se fixa na parede interna do útero e se conecta ao bebê por meio do cordão umbilical. É formada por tecidos da mãe e do feto, o que a torna um elo direto entre os dois — e, ao mesmo tempo, uma barreira seletiva.
Seu aspecto lembra o de um disco achatado, com consistência esponjosa, medindo cerca de 20 cm de diâmetro ao final da gravidez. O peso da placenta pode variar, mas gira em torno de 500 g a 600 g.
Essa estrutura, embora temporária, é absolutamente essencial para a manutenção da gestação. Sem ela, o feto não poderia sobreviver e se desenvolver no útero.
O desenvolvimento da placenta é um processo complexo e altamente regulado. Após a nidação, células do embrião chamadas trofoblastos penetram no endométrio (camada interna do útero) e passam a formar vilosidades coriônicas — estruturas microscópicas em forma de dedo que aumentam a área de contato entre o sangue materno e o fetal.
Ao longo das semanas, essas vilosidades se multiplicam e se especializam, dando origem a uma rede de vasos sanguíneos que vai sustentar o intercâmbio entre mãe e bebê. Esse sistema é essencial para garantir que o oxigênio, nutrientes e hormônios passem da mãe para o feto e que os resíduos metabólicos façam o caminho inverso.
A placenta atinge sua maturidade estrutural por volta da 34ª semana, mas continua ativa até o final da gestação.
A placenta realiza muitas funções essenciais para a gestação. Veja as principais:
É a placenta que permite que o oxigênio e os nutrientes cheguem ao bebê. Ao mesmo tempo, ela garante a eliminação de gás carbônico e resíduos produzidos pelo metabolismo fetal.
A placenta atua como uma glândula endócrina temporária. Ela produz hormônios fundamentais para a manutenção da gestação, como o hCG (human chorionic gonadotropin), a progesterona, o estrogênio e o lactogênio placentário humano. Esses hormônios ajudam a preparar o corpo da mãe para o desenvolvimento fetal e, mais tarde, para a amamentação.
Embora seja um órgão de contato entre mãe e feto, a placenta atua como uma barreira imunológica. Ela protege o bebê contra muitos agentes infecciosos, embora não todos. Além disso, evita que o sistema imunológico da mãe ataque o feto, que carrega material genético do pai.
Assim como os pulmões e os rins fazem fora do útero, a placenta ajuda na eliminação de substâncias de que o bebê não precisa mais. Esses resíduos são devolvidos ao sangue materno para serem processados.
Embora a placenta seja uma estrutura extremamente eficiente, ela não está imune a problemas que podem comprometer sua função e colocar em risco a saúde da mãe e do bebê. Entre os principais estão:
A placenta prévia ocorre quando ela se implanta na parte inferior do útero, cobrindo total ou parcialmente o colo do útero. Essa condição pode causar sangramentos durante a gestação e dificultar o parto normal. Nesses casos, geralmente é indicada uma cesariana.
É uma situação grave em que a placenta se desprende da parede uterina antes do nascimento do bebê. Pode causar dor abdominal intensa, sangramento e sofrimento fetal. O atendimento médico imediato é essencial.
Acontece quando a placenta não consegue desempenhar adequadamente suas funções, principalmente no fornecimento de oxigênio e nutrientes. Pode levar a restrição de crescimento fetal, parto prematuro ou até óbito intrauterino, se não tratada a tempo.
A pré-eclâmpsia é uma das complicações mais temidas da gestação, caracterizada por pressão alta e alterações nos rins e no fígado. Estudos mostram que ela tem forte relação com o desenvolvimento anormal da placenta. Quando as artérias uterinas não se adaptam adequadamente para nutrir a placenta, o fornecimento de sangue pode se tornar insuficiente, desencadeando a condição.
Por isso, o acompanhamento pré-natal é fundamental. Avaliações periódicas da pressão arterial, dos níveis de proteína na urina e do crescimento fetal são estratégias importantes para prevenir ou controlar a pré-eclâmpsia.
Mesmo sendo um órgão temporário, a placenta é essencial para o sucesso da gestação. Se você está gestando, deseja engravidar ou acompanha alguém nesse momento, saiba que o cuidado com a placenta começa bem cedo — e passa, principalmente, pelo acompanhamento pré-natal.
Quer entender melhor esse processo? Recomendamos a leitura do nosso artigo sobre pré-natal, em que explicamos cada etapa e como garantir mais segurança durante toda a gestação.