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Qual é a importância do ginecologista no puerpério?

por: Equipe NOG

A gravidez é marcada por diferentes transformações fisiológicas no corpo feminino, necessárias para proporcionar o desenvolvimento saudável do futuro bebê e preparar-se para o parto. As consultas de pré-natal são fundamentais durante todo o período, pois permitem definir ou detectar precocemente diferentes condições que podem afetar a mãe ou o feto em crescimento, evitando e/ou minimizando possíveis riscos para ambos.

É durante o pré-natal que o ginecologista-obstetra monitora a saúde materno-fetal, realiza exames e garante que a gestação está dentro dos parâmetros normais. Esses cuidados, entretanto, não se resumem apenas aos três trimestres da gravidez. Na ocasião, deve ser ainda idealmente elaborado um plano de cuidados para o puerpério, período após o nascimento do bebê, quando as alterações fisiológicas e anatômicas maternas retornam ao estado não grávido.

Porém, embora a maioria das mulheres grávidas ou em tentativa de engravidar saibam sobre a importância do pré-natal, boa parte desconhece a do ginecologista no puerpério, que pode apresentar desafios consideráveis ​​para as mulheres.

Continue a leitura ado texto até o final e entenda qual é a importância do ginecologista no puerpério. Confira!

Importância do ginecologista no puerpério

O puerpério se inicia após a expulsão da placenta e dura até a completa recuperação fisiológica dos sistemas orgânicos. É dividido em três fases, puerpério imediato, que ocorre nas primeiras 24 horas depois da expulsão da placenta, remoto, até 7 dias depois e tardio, nas 6 semanas posteriores ou mais.

As semanas após o nascimento são essenciais para recuperação materna e para seu bebê e vão determinar a saúde de ambos no futuro. Por isso, os principais órgãos de saúde mundiais sugerem que os cuidados no puerpério devem ocorrer durante todo o período e não se resumirem a uma única consulta, independentemente do tempo de duração, de acordo com as necessidades individuais de cada mulher.

O puerpério imediato ocorre mais frequentemente em ambiente hospitalar, uma vez que a maioria das mulheres permanece internada por pelo menos 24h, quando estão se recuperando do parto e começando a cuidar do recém-nascido.

Nesse período, o ginecologista-obstetra vai monitorar possíveis perdas de sangue, sinais de infecção, pressão arterial, contração do útero e capacidade de urinar. O objetivo é garantir a estabilidade da mãe e orientá-la nos cuidados com o bebê.

Há também atenção à compatibilidade Rh, imunização materna e amamentação. A incompatibilidade Rh ocorre quando uma mulher grávida tem sangue Rh negativo e o feto Rh positivo. Pode resultar na destruição dos glóbulos vermelhos fetais, algumas vezes causando anemia grave.

Para prevenir problemas no feto, os médicos administram injeções de anticorpos Rh em mulheres com sangue Rh negativo por volta da 28ª semana de gravidez, após qualquer episódio de sangramento significativo e no puerpério, evitando, assim, a produção de anticorpos pela mãe, que oferecem risco para gestações subsequentes.

A visita ao consultório do ginecologista durante o puerpério, por sua vez, deve ocorrer nas primeiras 3 semanas após o parto. Essa avaliação é seguida de cuidados contínuos conforme necessário, concluindo com uma consulta pós-parto mais abrangente, até no máximo 12 semanas depois do nascimento, com uma avaliação completa do bem-estar físico, social e psicológico, incluindo os seguintes aspectos:

  • humor e bem-estar emocional;
  • cuidados com os seios;
  • alimentação materna e infantil;
  • sexualidade;
  • contracepção;
  • sono e fadiga;
  • recuperação física desde o nascimento;
  • gestão de doenças crónicas;
  • prática de exercícios e manutenção da saúde.

Mulheres com condições médicas crônicas, por outro lado, como hipertensão, obesidade, diabetes, distúrbios da tireoide, doenças renais, transtornos de humor, bem como as que tiveram complicações durante a gravidez, como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia, geralmente têm um cronograma de consultas especialmente adequado, com um acompanhamento mais criterioso.

Algumas alterações físicas e sintomas são comuns no puerpério, porém normalmente são leves e temporários. Problemas graves de saúde são mais raros, embora possam ocorrer.

Complicações que podem surgir no puerpério

Veja abaixo as complicações mais comuns após o parto:

Sangramento excessivo ou hemorragia pós-parto

É comum que a mulher perca cerca de meio litro de sangue durante e após o parto vaginal e duas vezes mais após o nascimento por cesariana. A perda é considerada excessiva quando mais de 2 litros são perdidos e/ou a mulher apresenta sintomas como pressão arterial baixa, frequência cardíaca acelerada, tontura, desmaio, fadiga e fraqueza. Geralmente, ocorre logo após o parto, porém o período de risco é de até 30 dias.

A causa mais frequente de hemorragia no puerpério é a ausência de contração uterina, ainda que outras situações relacionadas ao parto possam igualmente resultar no problema.

Infecções uterinas

Após o parto, as bactérias naturalmente presentes na vagina podem ascender ao útero e causar endometrite, inflamação do endométrio, camada de revestimento interno; miometrite, do miométrio, camada intermediária muscular e parametrite, quando afeta as áreas ao redor do órgão. Na maioria das vezes essas infecções são consequência do trabalho de parto prolongado.

Se não forem adequadamente tratadas, podem causar danos à fertilidade no futuro.

Infecções da bexiga e dos rins

Ocasionalmente, também pode ocorrer a infecção/inflamação da bexiga no puerpério, condição denominada cistite e as bactérias se espalharem resultando em uma infecção renal, pielonefrite. O risco de cistite é maior nos casos em que um cateter é inserido na bexiga para aliviar o acúmulo de urina durante e após o parto.

Infecção mamária

A infecção mamária ou mastite geralmente acontece nas primeiras 6 semanas e quase sempre em mulheres que estão amamentando. Se o bebê não estiver posicionado corretamente durante a amamentação podem ocorrer rachaduras facilitando a entrada das bactérias presentes na pele nos dutos de leite, causando o problema. O tratamento inadequado pode levar à formação de abscessos no local .

Problemas com a amamentação

Entre os problemas mais frequentes causados pela amamentação no puerpério estão o ingurgitamento mamário, mamilos doloridos, ductos de leite obstruídos.

O ingurgitamento mamário surge em decorrência da retenção e acúmulo de leite. Esse leite acumulado torna-se mais viscoso que o normal, por isso é chamado popularmente de leite empedrado. Essa situação frequentemente é acompanhada de dor.

Os mamilos doloridos, por sua vez, são consequência do posicionamento inadequado do bebê durante a amamentação, que contrai o lábio para sugar, irritando-os. Já a obstrução dos ductos ocorre quando o leite não é completamente drenado regularmente causando nódulos na região. A amamentação contínua é a melhor maneira de solucionar o problema.

Depressão

A tristeza (baby blues) é comum no puerpério. As mulheres também podem sentir-se irritadas, mal-humoradas ou ansiosas, podem ter dificuldades de concentração ou problemas no ciclo de sono. Esses sintomas geralmente desaparecem entre 7 e 10 dias. No entanto, se persistirem por mais de 2 semanas, interferirem nos cuidados com o bebê ou nas atividades diárias o quadro pode ser de depressão pós-parto ou outro distúrbio de saúde mental e deve ser adequadamente tratado.

Além dessas complicações, outras, mais raras, também podem surgir, incluindo:

Útero invertido

O útero vira do lado avesso de modo a se projetar pelo colo uterino e para dentro ou através a vagina. Isso pode acontecer se a placenta estiver firmemente conectada e for necessária muita força para removê-la.

A inversão do útero é uma emergência médica que deve ser tratada rapidamente. Os médicos costumam recolocar o útero na sua posição normal manualmente, porém em alguns casos a cirurgia pode ser necessária.

Embolia por líquido amniótico

Apesar de a embolia por líquido amniótico (ELA) ser rara, pode ser fatal. É caracterizada pela entrada de componentes do líquido amniótico (LA) na circulação materna, o que causa uma reação grave resultando em parada respiratória ou cardíaca.

Para evitar possíveis complicações no puerpério e garantir a saúde da mãe e seu bebê, portanto, é essencial consultar um ginecologista após o nascimento e manter a regularidade das consultas sugeridas por ele.

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