Puerpério é o termo usado para definir o período pós-parto. Também conhecido como período pós-natal ou quarta fase do trabalho de parto refere-se ao intervalo imediatamente após o nascimento, iniciando depois da expulsão da placenta até a completa recuperação fisiológica dos diversos sistemas orgânicos.
Chamado ainda popularmente de resguardo ou quarentena, pode-se dizer que é o momento de readaptação depois do parto, quando o corpo feminino passa por várias mudanças físicas à medida que volta ao estado anterior à gravidez, além de variáveis psicológicas e sociais.
As semanas do puerpério são bastante críticas, pois podem apresentar desafios consideráveis para as mulheres, incluindo falta de sono, fadiga, dor, dificuldades na amamentação, estresse, surgimento ou exacerbação de distúrbios emocionais como depressão, baixa libido e incontinência urinária. Assim, a atenção ao período é que vai garantir a saúde e o bem-estar da mãe e seu bebê em longo prazo.
Normalmente, dura cerca de seis semanas, porém isso pode variar. Se encerra quando a mulher tem sua primeira menstruação, marcando a retomada dos ciclos menstruais. É dividido em três fases distintas e contínuas: puerpério imediato, que ocorre nas primeiras 24 horas depois da expulsão da placenta e dura até 10 dias; puerpério tardio, que ocorre do 10º ao 45º dia; e puerpério remoto, a partir do 45º dia após o parto. É no chamado puerpério imediato, entretanto, primeira fase, que podem surgir as principais complicações.
Esse texto aborda sobre o puerpério e as particularidades do período. Continue a leitura até o final e confira!
Depois da gravidez, a atenção tende a ser voltada para o bebê. As enormes mudanças físicas e emocionais necessárias para retornar ao estado não gravídico são muitas vezes subestimadas.
O puerpério imediato, por exemplo, é um momento de mudanças rápidas com potencial para complicações muitas vezes graves, como hemorragia pós-parto, inversão uterina e embolia por líquido amniótico.
Embora as primeiras horas após o nascimento sejam geralmente passadas na sala de trabalho de parto com intensa supervisão, as demandas de espaço muitas vezes exigem uma transferência prematura para a unidades de cuidados menos intensivos, aumentando as chances de problemas ocorrerem.
A segunda fase, por sua vez, é um período subagudo. Nela, o corpo passa por grandes mudanças em termos de hemodinâmica, recuperação geniturinária, metabolismo e emocional. As mudanças são menos rápidas do que na fase aguda e a mulher geralmente consegue identificar possíveis alterações, que variam do desconforto perineal à depressão pós-parto grave.
A terceira fase é o pós-parto remoto e, segundo estudos, pode durar até 6 meses. As mudanças durante esta fase são extremamente graduais e os problemas são raros. Esse é o momento de restauração do tônus muscular e do tecido conjuntivo ao estado pré-gravidez. Embora a mudança seja sutil durante essa fase, o corpo da mulher não está totalmente restaurado à fisiologia pré-gravidez até cerca de 6 meses após o parto.
Veja abaixo as mudanças que acontecem no corpo feminino durante o puerpério:
O útero grávido, não incluindo o bebê, placenta ou fluidos, pesa aproximadamente 1000 g. Nas 6 semanas depois do nascimento retrocede para um peso entre 50g e 100 g. A maior parte da redução ocorre nas primeiras 2 semanas, nas seguintes retorna lentamente ao estado anterior, ainda que o tamanho permaneça maior do que antes.
O endométrio, por sua vez, camada na qual o embrião se implanta para dar início à gestação, regenera-se rapidamente. No sétimo dia as glândulas endometriais já estão evidentes em exames de imagem e, aproximadamente no 16º esse tecido já está restaurado em todo o útero, exceto no local da placenta, cujos fragmentos são eliminados por um corrimento vaginal sanguinolento denominado lóquios.
Imediatamente após o parto, uma grande quantidade de sangue vermelho flui do útero até ocorrer a fase de contração. Depois disso, diminui rapidamente. O corrimento vermelho muda progressivamente para vermelho acastanhado com consistência mais aquosa e continua a diminuir em quantidade e cor. O tempo de duração dos lóquios varia; embora seja em média cerca de 5 semanas, 15% das mulheres continuam a apresentá-los por 6 semanas ou mais após o parto.
Frequentemente as mulheres apresentam um aumento no volume entre o 7º e 14º dias, secundário à descamação da escara no local da placenta. Esse é considerado o momento clássico para ocorrerem hemorragias pós-parto tardias.
O colo do útero ou cérvix também começa a retroceder rapidamente para um estado de não gravidez, mas nunca retorna ao de nulípara, antes de ter tido filhos.
A vagina também regride, mas não retorna completamente. O ressecamento vaginal é normal, independentemente do tipo de parto, o que pode causar desconforto. No entanto, a lubrificação natural também normaliza, por isso, a recomendação costuma ser aguardar aproximadamente 40 dias para retomar a atividade sexual.
Embora o períneo – região localizada entre a vagina e o ânus – seja geralmente esticado, traumatizado e às vezes rasgado ou cortado durante o processo de trabalho de parto, a maior parte do tônus muscular é recuperada em 6 semanas, com mais melhorias nos meses seguintes.
O tônus muscular, no entanto, pode ou não voltar ao normal dependendo da extensão da lesão muscular, nervosa e dos tecidos conjuntivos. Entre as possíveis complicações estão incontinência urinária de esforço, incontinência de flatos ou fezes, prolapso uterino ou descida do útero em direção à vagina, cistocele ou bexiga caída e retocele, condição em que uma úlcera se forma entre o reto e a vagina.
A retomada da função normal dos é altamente variável e muito influenciada pela amamentação do bebê. A mulher que amamenta tem um período de amenorreia e anovulação, ausência de menstruação e ovulação respectivamente, mais longo. Já a que não amamenta pode ovular cerca de 27 dias após o parto. A maioria das mulheres menstrua por volta da 12ª semana, embora o tempo médio varie entre 7 e 9 semanas.
As mudanças nas mamas que preparam o corpo para a amamentação ocorrem durante a gravidez. A lactogênese, desenvolvimento da capacidade de secretar leite acontece já na 16ª semana. No puerpério, o colostro é o líquido inicialmente liberado nos 4 primeiros dias.
Rico em proteínas e anticorpos, fortalece o sistema imunológico do recém-nascido. Durante os primeiros 7 dias o leite amadurece e contém todos os nutrientes necessários no período neonatal e continua a mudar durante a amamentação para atender às novas necessidades nutricionais do bebê.
A parede abdominal permanece mal tonificada por muitas semanas. O retorno ao estado pré-gravidez depende muito de exercícios praticados pela mulher.
É importante que a mulher seja acompanhada pelo especialista durante todo esse processo. Não apenas para evitar possíveis complicações associadas ao puerpério, o acompanhamento envolve ainda orientações sobre alimentação adequada, exercícios, amamentação ou mesmo a retomada das atividades diárias e sexual.
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