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Como é feita a contracepção no pós-parto? Quais são as possibilidades?

por: Equipe NOG

O uso de métodos contraceptivos não é indicado apenas para o controle da natalidade e planejamento familiar, ou seja, evitar uma gravidez indesejada em determinado momento; também é essencial para impedir as que ocorrem em intervalos curtos, que representam riscos para a mãe e seu futuro bebê.

O intervalo entre gestações, tempo desde o nascimento ou interrupção até a concepção da próxima, é identificado como um fator de risco potencialmente modificável relacionado a resultados perinatais adversos.

Segundo estudos, as mortes perinatais, por exemplo, diminuíram em todo o mundo com a contracepção no pós-parto. São definidas como mortes fetais que ocorrem após 28 semanas de gestação (natimortos) e mortes entre nascidos vivos nos primeiros 7 dias de vida (mortes neonatais precoces).

Além disso, o intervalo entre as gestações pode interferir em resultados como ruptura prematura de membranas (bolsa amniótica), pré-eclâmpsia, baixo peso ao nascer, parto prematuro e bebês pequenos para a idade gestacional.

Assim, a contracepção no pós-parto é fundamental, porém deve ser feita com a orientação do especialista, uma vez que nem todo método contraceptivo é adequado durante esse período. Alguns podem causar efeitos na qualidade e quantidade do leite materno, o que os torna contraindicados na fase de lactação.

Por isso, manter a regularidade das consultas ao ginecologista-obstetra após o nascimento do bebê é tão importante quanto o pré-natal. Além de evitar complicações que podem ocorrer, o método contraceptivo prescrito deve ser eficaz e seguro para a mãe e seu bebê. Isso significa não interferir na lactação ou alterar o sistema hemostático, pois entre os prováveis riscos está ainda o de hemorragia pós-parto, que é bastante alto.

Acompanhe o texto até o final para entender como é feita a contracepção no pós-parto e quais as possibilidades. Confira!

Pós-parto ou puerpério

Pós-parto ou puerpério é o intervalo que inicia mediatamente após o nascimento e expulsão da placenta até a completa recuperação fisiológica dos diversos sistemas orgânicos, quando as alterações maternas relacionadas à gestação retornam ao estado não gravídico.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para evitar e reduzir qualquer tipo de complicação materna e neonatal no período o acompanhamento da mulher pelo ginecologista-obstetra deve ser feitor desde o início e por pelo menos seis meses após o nascimento.

O puerpério dura geralmente cerca de seis semanas, embora isso possa variar, e, se encerra quando a mulher tem a primeira menstruação marcando a retomada dos ciclos menstruais. No entanto, estudos sugerem que para uma nova gravidez ocorrer com segurança a espera deve ser de pelo menos dezoito meses, intervalo mínimo necessário ao restabelecimento total do organismo. Intervalos menores entre as gestações aumentam as chances de complicações.

Mulheres que estão amamentando, por outro lado, têm menor risco de engravidar durante esse intervalo. Além dos benefícios para o feto, a lactação nas que não menstruaram é um método de contracepção no pós-parto bastante eficaz e costuma ser a primeira indicação dos especialistas.

Conhecido como amenorreia lactacional (LAM), se baseia no fato de que a própria lactação tem um efeito anticoncepcional. Entenda:

  • diferentes hormônios participam do ciclo menstrual, orientados pelo eixo hipotálamo-hipófise-ovários (HHO). Logo no início, na primeira fase, o hipotálamo secreta o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), estimulando a hipófise a liberar as gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), que viajam pela corrente sanguínea até os ovários. O FSH promove o recrutamento de vários folículos ovarianos, que contêm o óvulo imaturo, enquanto o LH atua no desenvolvimento, amadurecimento e ruptura do que se destaca entre eles e vai liberar seu óvulo na ovulação para ser fecundado pelo espermatozoide;
  • os níveis elevados de prolactina que ocorrem com a amamentação inibem a secreção do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) pelo hipotálamo, interferindo, dessa forma, na liberação das gonadotrofinas pela hipófise. Assim, a ovulação não acontece.

Contudo, a eficácia do LAM depende da intensidade e frequência da amamentação e da adição ou não de alimentos complementares à dieta do bebê; há mais proteção quando a amamentação é a forma exclusiva de alimentação nos primeiros 6 meses pós-parto, com adição de suplementação alimentar de no máximo 5% a 10% do total das mamadas.

Os percentuais de proteção, nesse caso, se comparam aos de outros métodos contraceptivos como a pílula, cerca de 99%. Após 6 meses, entretanto, ou com a retomada da menstruação as chances de ovulação e o risco de gravidez são maiores, o que torna o LAM um método de contracepção transicional e mais adequado para mulheres que planejam amamentar totalmente por pelo menos 6 meses.

Quando a amamentação é interrompida os níveis de prolactina diminuem e a menstruação geralmente acontece entre 14 dias e 30 dias depois. Nos casos em que a usuária de LAM menstrua antes de seis meses ou se decidir complementar a amamentação, normalmente é sugerido também o uso de outro método de contracepção no pós-parto.

Métodos não hormonais, como os de barreira, as camisinhas femininas ou masculinas e o dispositivo intrauterino de cobre (DIU), bem como os hormonais que utilizam apenas progestagênios em sua composição, que não comprometem a amamentação, estão entre as opções.

Mulheres que não pretendem amamentar, por outro lado, podem recorrer a anticoncepcionais hormonais combinados, como as pílulas com estrogênio e progesterona, mais frequentemente utilizadas.

As opções de contracepção no pós-parto devem idealmente ser avaliadas junto ao ginecologista-obstetra ainda durante o último trimestre da gravidez. Quando isso não acontece, na primeira consulta após o nascimento do bebê.

Siga o link, saiba mais sobre a contracepção no pós-parto e quais métodos contraceptivos podem ser utilizados!